terça-feira, 28 de junho de 2016

A "TERCEIRIZAÇÃO" DO AMOR DE JESUS



Há mais ou menos dois anos, minha mente pensante e inquieta se indagou sobre uma das frases mais conhecidas do nosso cotidiano: “Jesus te ama!”. Esta vive estampada em camisetas, adesivos, carros, outdoors, etiquetas, cadernos, sai da boca de cristãos de várias idades, de muitos lugares do mundo em muitas línguas diferentes, mas querendo enfatizar uma única coisa: o amor de Jesus pelo mundo. Durante esse tempo tentei amadurecer um pensamento sobre este assunto que me “pegou de jeito” em uma reflexão que demorei bastante para amadurecer, e hoje, mesmo ainda sentindo que estou voando baixo sobre esta perspectiva, consigo escrever.
Em nenhum momento duvidei do amor verdadeiro de Cristo por nós, conforme o tempo ia passando desde que comecei a refletir sobre este tema, a minha indagação girava em torno de como nós, pessoas amadas por Jesus, distribuímos pelo mundo esta frase que possui o conteúdo mais importante de nossas vidas. Comecei a notar que, em boa parte das vezes que dizemos que Jesus ama uma pessoa, isso se restringe a uma informação, porém não é seguida de uma continuidade, se basta em palavras que dizemos automaticamente achando que nossa parte está feita, que ao passar pela rua e dizer a um mendigo que Jesus o ama, por exemplo,  já nos faz cumprir o ide que Ele deixou para nós.
Ao escrever sobre este assunto não tenho a intenção de diminuir nossa responsabilidade de dizer às pessoas a frase” Jesus te ama”. Penso sim que tal atitude pode mudar a vida de alguém que, por um momento, não se lembra, ou nunca soube nem ouviu falar desse grande amor que nos alcança. O que realmente quero abordar neste texto é o que fazemos para demonstrar que Jesus ama mundo. Passei a sentir um incomodo a partir do momento em que me dei conta de que nós cristãos “terceirizamos” o amor de Jesus como uma atividade transferida para outros “tipos de cristãos”: os que realmente devem pregar, agir e doar-se em prol da disseminação do divino amor. Ou seja, a parte que cabe a todo e qualquer cristão de ir além das palavras para pregar o evangelho, consideramos ser de uma pequena parcela que já está acostumada a pôr a mão na massa! Pensamos ser papel de missionários, pastores e líderes o que nós todos deveríamos fazer, assim, ficamos satisfeitos em ir para o céu, com o resultado final das tarefas que foram realizadas por quem achamos ser designados pelo fato da “terceirização” do amor de Jesus.
 Consigo enxergar e pensar um pouco sobre o que Deus quer fazer de nós diante dos ainda não alcançados em Isaías 41: 17:20 “ Os pobres e necessitados estão desesperados de sede, a língua esta ressecada, e ninguém consegue achar água. Mas Eu estou aí para ser achado, estou aí por causa deles. Eu, o Deus de Israel, não os deixarei com sede. Abrirei para eles rios nos montes estéreis, farei jorrar fontes nos vales. Vou transformar o solo estorricado num tanque de água fresca, o chão sedento em ribeiros formidáveis. Vou plantar o cedro nessa devastação sem árvores, também a acácia, a murta e a oliveira. Vou fincar o cipestre no deserto e muitos carvalhos e pinheiros. Todos verão isso. Ninguém deixará de perceber a prova definitiva, incontestável de que Eu, o Eterno, fiz tudo isso.”
Quem somos nós? Sedentos? Árvores em solos devastados? Plantação no deserto? Rios em montes estéreis? Fontes nos vales? O que Deus quer que sejamos? Em que solo estamos trabalhando? Questões como estas e muitas outras surgem em nosso coração para que possamos florescer e jorrar por uma causa maior, por causa d´Ele! O Deus que deixa bem claro que é Ele quem faz com que possamos ser esses instrumentos para os desesperados de sede. O próprio Jesus nos deixou o exemplo de amor. Ele não apenas disse que nos ama, mas veio, morreu por nossos pecados, se faz presente e nos prometeu voltar! Que privilégio ter a certeza e poder esperar sua volta, não é? Mas, infelizmente existem pessoas que ainda não tem esta esperança por não conhecer o plano de salvação, talvez até tenham ouvido falar que Jesus a ama, porém ainda estão com sede da água que está em nossas mãos.
O ato de não “terceirizar” aquilo que Deus espera de nós mesmos não é algo que teremos consciência de um dia para o outro, se torna um exercício diário de não se acomodar e esperar que outros cristãos venham florescer em solos que já estamos plantados. Falemos mais sobre este amor, e façamos mais por este amor! Para finalizar, deixo aqui uma questão tirada de uma música que gosto muito e que me impulsiona a pensar sobre o que Cristo quer de mim: “Onde está você? Que diz que me adora, mas não estende a mão”.


 Por: Elisana Ianella

Segue o link da música: O amor que nos faz um- Palavrantiga
https://www.youtube.com/watch?v=4ehzzYybQ_4